Arthur Maia – O Tempo e a Música (2011)

Esse é o mais recente trabalho do contrabaixista Arthur Maia, lançado em 2011. Arthur dispensa maiores apresentações – seus trabalhos como sideman de Gilberto Gil, Djavan, Ivan Lins, dentre outros, além de seus discos solo, o credenciam como um dos maiores instrumentistas brasileiros. Produzido por Arthur e Di Steffáno, esse trabalho também merece destaque por ser, talvez, o disco mais brasileiro dentro de sua discografia solo, com frevos, sambas e choros, mas sem perder também a veia grooveira.

O disco se inicia com um arranjo belíssimo do choro “Abismo de Rosas”, onde Arthur mostra porque é uma das maiores referências no contrabaixo fretless (sem trastes). Acompanhado de um sexteto de cordas, Arthur executa o tema com muita musicalidade e personalidade. No segundo tema, “Forró em Havana”, destaque para o excelente arranjo misturando música brasileira e latin jazz, com ótima presença dos sopros de Bruno Santos (trompete), Josué LopezMarcelo Martins(Sax Tenor) e Rafael Rocha (trombone).

 ”Macabú” traz uma sonoridade mais jazz, com Arthur dobrando o tema do trompete com a voz. O trompete de Bruno Santos e o Rhodes de Kiko Continentino nos presenteiam com ótimos improvisos. “Brejeiro”, de Ernesto Nazareth, é um dos pontos altos do disco. O choro ganha nova roupagem com o slap preciso de Maia. Um clássico da música brasileira em uma versão super moderna e bastante agradável!

“Um Abraço no João” é uma bela composição de Gilberto Gil, artista que Arthur Maia acompanha a muitos anos. O próprio Gil participa da faixa tocando seu violão em conjunto com o baixo fretless de Arthur. A valsa “Tuca” dá continuidade ao disco e conta com a participação do gaitista Gabriel Grossi, do violonista Heitor TP e do grande baterista Carlos Bala, abrilhantando a faixa.

“Montains”, composição do pianista Kiko Continentino, é uma balada onde as vozes de Arthur ePriscila D’Xon se misturam com as melodias executadas pelo contrabaixo, marimba, gaita e sax. Outro ponto alto do disco, “Minha Palhoça” traz a participação da cantora Mart’nalia nesse ótimo samba do compositor J. Cascata, tio-avô de Arthur. Linda música!

“Frevo do Compadre” apresenta um lado mais virtuoso de Arthur Maia. O arranjo ganha corpo com sopros a mil, a bateria agitada de Di Stéffano, inúmeras convenções e solos rápidos, como todo bom frevo instrumental. “To Nico”, dedicada ao baixista Nico Assumpção, é uma composição que já vinha sendo executada faz algum tempo nos shows de Arthur. No disco, ela ganha um sabor especial com a participação do virtuoso e criativo guitarrista norte-americano Scott Henderson.

O disco se encerra com a faixa-título, “O Tempo E A Música”, um rap com letra que conta a devoção de Arthur à música. Que essa devoção continue trazendo bons frutos como esse e tantos outros discos que o Arthur já gravou!

Di Stéffano – Outros Mares (2012)

O baterista e compositor potiguar Di Sttéfano reuniu em seu segundo disco uma seleção de músicos para ninguém botar defeito. São pessoas com quem que Di costumar tocar em vários outros projetos e contribuíram para esse belo álbum de 10 composições autorais.

Participam do disco os pianistas André Mehmari, Vitor Gonçalves, Dominique Fillon e Glauton Campelo; Os guitarristas/violonistas Ricardo Silveira, Jubileu Filho, Sérgio Farias e Clauber Fabre; Nos sopros, temos Fabinho Costa, Josué Lopez, Marcelo Martins, JP e Bruno Santos, além de Adelson Vianna no Acordeon. Para completar, um verdadeiro “dream-team” de contrabaixistas: Alex Rocha, Marcelo Mariano, Rômulo Gomes, Arthur Maia, Nema Antunes e Hamilton Pinheiro. Para conseguir reunir essa seleção de músicos em um único álbum, Di Sttéfano precisou gravá-lo em 7 estúdios diferentes ao redor do Brasil!

O disco inicia com uma homenagem ao trompetista Roy Hargrove em “Mr. Roy”. O genial pianista André Mehmari e o trompetista Fabinho Costa executam a melodia e improvisos com o suporte de Di Sttéfano e Alex Rocha no contrabaixo acústico. “Cine África” possui um excelente groove executado por Marcelo Mariano que permite o desenvolvimento da melodia e de solos belíssimos por parte de Ricardo Silveira e Josué Lopez.

“Baião pra Maria” dá seqüência ao disco com destaque para o acordeonista Adelson Vianna, além de Vitor Gonçalves e Jubileu Filho, que executam ótimos improvisos. Em“Jazz à vista” quem brilha é o saxofonista Josué Lopez, um dos grandes nomes do instrumento atualmente. Vitor Gonçalves e Di Stéfanno também executam ótimos solos. Fazendo a excelente condução de baixo acústico, temos novamente Alex Rocha.

“Noronha Island” é uma faixa especial. Arthur Maia gravou sua parte em 2010, quando esteve em Brasília para uma temporada no Clube do Choro. Seu conhecimento técnico do fretless é impressionante, dando todo o suporte para Marcelo Martins “voar” em seu saxofone na belíssima melodia e para Sérgio Farias executar um excelente improviso de violão.

“Laís” possuí um feeling latino proporcionado pela levada de Di Stéffano e do contrabaixista brasiliense Nema Antunes, conhecido principalmente por seu trabalho na banda de Ivan Lins. Nema faz um excelente groove dando segurança para os improvisos de Vitor Gonçalves, Marcelo Martins e Di Stéffano. “Brisa do Mar” é uma bossa que possui um belo solo de Rhodes e piano de Dominique Fillon, além de mais uma condução de alto nível de Nema Antunes.

“Fim de Tarde” inicia com um groove executado em uníssono por Dominique ao piano e Hamilton Pinheiro ao baixo elétrico. Hamilton dá uma aula de criatividade e dinâmica nos improvisos de Dominique e Fabinho Costa. “Um Abraço no Dito”, nona faixa do disco, é um baião que possui uma intenção flamenca na melodia executada por Adelson Vianna e Josué Lopez. Adelson nos presenteia com um ótimo solo, suportado por Rômulo Gomes, Vitor Gonçalves e Di Stéffano.

A faixa-título, “Outros Mares”, encerra o disco com mais uma bela melodia executada por Jubileu Filho e Fabinho Costa. Aqui, a base é formada por Hamilton, Glauto Campelo e Di Stéffano, que dão mais uma aula de dinâmica e suíngue.

Esse é um disco independente de um artista que acredita na música instrumental brasileira e que a cada trabalho vem colocando o seu nome entre os grandes do estilo. Vale a pena ouvir!!